Todo tipo de inteligência tem implicado em si o ato de aprender. Nesse sentido, o contexto atual vem demonstrando a importância de revisitarmos os processos e espaços de aprendizagem humana, tanto em termos de como são concebidos em seus fundamentos, quanto nas formas de acesso e nos mecanismos que vinham sendo utilizados até então. 

Os avanços das tecnologias da informação e da comunicação incitam a aprendizagem como algo cada vez mais líquido, uma vez que os conhecimentos se tornam rapidamente obsoletos. Ainda é necessário considerar que o advento da inteligência artificial (IA) permitirá que os humanos façam uso de aprendizagens proporcionadas pelas máquinas, ao mesmo tempo que elas substituirão, em alguma medida, a produção de conhecimentos que era atribuída às pessoas. 

A proposta de aprendizagem ao longo da vida vem nos mostrar que estamos expostos à necessidade de torná-la um movimento contínuo em nossas trajetórias, seguindo um fluxo de aprender, ressignificar e reaprender de maneira constante.

Precisamos compreender que, diante dos desafios a que estamos expostos, esses processos de aprendizagem ultrapassam aspectos relacionados ao letramento intelectual e à preparação para o trabalho, perpassando as diversas dimensões de nossas vidas. Nesse sentido, merecem atenção aspectos mais amplos que envolvem, além da esfera individual (das aprendizagens de cada indivíduo), a esfera das relações presentes na comunidade planetária formada por seres humanos e não humanos, coabitando um mesmo espaço-tempo histórico de modo interdependente.

Partindo dessas reflexões, trazemos neste livro a emergência da necessidade de competências globais que permitam às pessoas o desenvolvimento da inteligência genuinamente humana, para que elas se sintam mais aptas a navegar em meio ao mundo que vem se mostrando cada vez mais incerto, caótico, incompreensível, frágil, ágil e complexo.